O adeus a Araçy Balabanian

A atriz Aracy Balabanian morreu aos 83 anos no Rio de Janeiro.

Ela estava internada na Clínica São Vicente, na zona sul da capital fluminense. O hospital confirmou a morte, mas não divulgou a causa.

Com mais de meio século de carreira, a artista ficou marcada por seus papéis em novelas e outras produções da TV Globo, como as personagens Cassandra, em “Sai de Baixo”, e Dona Armênia, em “Rainha da Sucata”.

Filha de imigrantes armênios, ela se apaixonou pelo teatro e decidiu ser atriz ao ser levada pelas irmãs mais velhas, quando já morava em São Paulo, para assistir uma peça do dramaturgo Carlo Godoni.

“Eu chorei muito. Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades”, disse Aracy em depoimento ao Memória Globo.

Ela relembrava que seu pai era contra a escolha de ser atriz: “Comecei em uma época em que não era bonito fazer televisão, nem teatro.”

Aos 14 anos, estudando no Colégio Bandeirantes, na capital paulista, ela assistiu uma palestra do dramaturgo Augusto Boal, que a convidou a fazer um teste para o Teatro Paulista do Estudante. Ela passou e seu primeiro trabalho foi a peça “Almanjarra”.

Ao Memória Globo, ela lembra de ler uma crítica de Décio de Almeida Prado e Sábado Magaldi: “Eles escreveram uma crítica que terminava dizendo: ‘Aracy Balabanian: guardem esse nome’ Eu fique possuída.”

Ao terminar o colégio, ela entrou para a Universidade de São Paulo (USP) onde estudou simultaneamente na Escola de Arte Dramática (EAD) e no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que não chegou a concluir.

Carreira na televisão e a paixão por novelas

Após participar de alguns espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), ela participou de uma adaptação da tragédia grega de Sófocles, “Antígona”, em um teleteatro da TV Tupi. Ali começou sua carreira na televisão, que durou mais de 50 anos e passou por mais de 30 novelas.

A primeira foi entre o final de 1964 e início de 1965, na TV Record: “Marcados pelo Amor”, escrita por Walther Negrão e Roberto Freire. Em 1968, fez a novela “Antônio Maria”, na qual fez par romântico com o ator Sérgio Cardoso. Ela contava que foi esse papel que fez seu pai aceitar sua escolha de carreira.

“Eu costumo dizer que o Brasil parou nessa novela e o meu pai parou em mim”, disse ao Memória Globo. A estreia na TV Globo, onde trabalhou até o final de sua vida, foi em 1972, na novela das sete em preto-e-branco “O Primeiro Amor”, exibida entre janeiro e outubro daquele ano.