Em entrevista Bibi Neves fala sobre os desafios da profissão de trancista
Muito além da estética estilosa do penteado, as tranças trazem histórias da ancestralidade africana e são sinônimo de força e empoderamento.
Soltas, entrelaçadas ou rasteiras, as tranças nunca estiveram tão em alta como agora. A valorização da estética negra tem ganhado cada vez mais protagonismo; e empreender com a técnica pode trazer inúmeras oportunidades para os bons profissionais que desejem dominar essa arte ancestral.
Em entrevista à Revista Grandes Negócios a trancista Bibi Neves, falou sobre os desafios da profissão.
“Faço tranças há pelo menos uns 20 anos, mas quando me mudei para Vargem Grande Paulista, tive que dar uma pausa porque eu não conhecia muita gente na cidade”, conta
A trancista, que é mãe solo, viu nas tranças uma maneira de levar sustento à sua família.
“Só o valor da pensão não dava pra sustentar meus filhos e ao ficar desempregada em 2019 a situação piorou, então voltei a fazer tranças em troca de fraldas e até cestas básicas”, desabafou Bibi.
Bibi acrescenta que é autodidata, e que apesar de ainda não ter feito nenhum curso na área, ela aprendeu tudo, apenas observando.
“Eu pretendo agora fazer um curso de aperfeiçoamento para trazer novos métodos e novas técnicas de tranças, porque hoje tudo que sei de tranças, foi pelo olhar e fui reproduzindo”. Acrescentou.
Mas engana-se quem pensa que tranças é coisa só de mulher, os homens estão cada vez mais adeptos a esse estilo, diz bibi. “Hoje em dia muitos homens me procuram sim, principalmente para usar no corte Samurai e na trança nagô”.
Recentemente a influenciadora Virginia Fonseca foi bastante criticada na internet e acusada de apropriação cultural ao aparecer de tranças em suas redes sociais. Bibi Neves diz ser contra o que fizeram com a esposa do cantor Zé Felipe.
“Nós lutamos tanto contra o racismo e a discriminação, porque então agora vamos fazer o mesmo com algo tão lindo, que são nossas tranças. Sou completamente contra o que fizeram. Tenho clientes lindas que independente da cor da pele delas eu levo meu trabalho para ajudar na autoestima delas”.
Sobre as tranças Bibi afirma que não trabalha com manutenção e aconselha:
“Aconselho meus clientes a usarem tranças por no máximo um mês e meio, e assim que desmanchar, fazer uma bela hidratação e esperar pelo menos uma semana para colocar de novo, assim ajuda o couro cabeludo a respirar e o cabelo fortalecer”.
Para quem está passando por uma transição capilar Bibi acredita que as tranças são a melhor opção. “Eu acredito ser a melhor opção, até para cabelo tomar um formato legal e ajuda na autoestima”.
Para finalizar, Bibi revela se acredita que ainda existe preconceito com quem usa tranças e deixa um incentivo aos adeptos do estilo: “Infelizmente preconceito existe em todo lugar e com tudo. Vai de você querer dar a volta por cima e querer ser linda e lindo em todos os momentos”, finaliza.
Para conhecer um pouco do trabalho da trancista Bibi Neves, acesse: https://www.instagram.com/bibineves_trancista/