Médico especialista em neurocirurgia, dr. Cesar Cimonari fala sobre Demência Fronto Temporal; Saiba reconhecer os sinais

Cesar Cimonari: Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia

A demência frontal temporal (DFT) é uma doença degenerativa do cérebro que leva à perda de funções cognitivas. Diferentemente de outras demências como a doença de Alzheimer que afeta muito a memória, os sintomas principais envolvem o comportamento e a capacidade de comunicação e linguagem.

O primeiro sinal, geralmente, é uma crise de depressão tardia, seguida de distúrbios comportamentais, tais como desinibição, negligência com os cuidados pessoais e de higiene, desatenção, agressividade, além de distúrbios cognitivos (comprometimento da memória), rigidez mental, hiperoralidade, labilidade emocional e alterações da fala.

Para entendermos um pouco melhor sobre o assunto, conversamos com o Médico Especialista em tratamento de doenças do cérebro, coluna e dor, Dr. Cesar Cimonari. Confira.

Jairo Rodrigues: Dr. Em geral, a Demência Frontal Temporal atinge pessoas em que faixa de idade?
Dr Cesar Cimonari: Muitos dos pacientes diagnosticados são idosos pela demora na busca por auxilio e confirmação do quadro, mas habitualmente o início dos sintomas ocorre dos 45 aos 65 anos

Jairo Rodrigues: Quem sofre de DFT apresenta alguma dificuldade na fala?
Dr Cesar Cimonari: A afasia, que é o termo neurológico que define as alterações de fala, é um sintoma bastante frequente na DFT, uma vez que afeta as áreas do cérebro mais relacionadas com essa habilidade, que são os lobos frontal e temporal do cérebro. Quanto a dificuldade de fala, que pode ser tanto para se expressar quanto para compreender, é o sintoma inicial, é importante descartar outras doenças, como AVCs ou tumores cerebrais.

Jairo Rodrigues: E como é feito o diagnóstico?
Dr Cesar Cimonari: O diagnóstico é feito principalmente através da avaliação por neurologista especializado em aplicar uma bateria de testes cognitivos. Exames complementares como tomografia, ressonância e exames de Medicina nuclear como o PET são utilizados para confirmar a hipótese de demência e excluir outras causas, pois um fator importante é garantir que não existam outros diagnósticos sobrepostos à DFT, pois há alguns quadros demenciais potencialmente reversíveis, causados por alterações metabólicas, déficits nutricionais, ou até mesmo doenças que podem ser tratadas com cirurgia, como hematomas intracranianos ou hidrocefalia.

“É importante ainda o levantamento do histórico familiar, pois a DFT tem um componente hereditário relevante”.

Jairo Rodrigues: A DFT tem cura? Como trata-la?
Dr Cesar Cinomari: A DFT, como nas demências primárias em geral, não possui cura, então o tratamento é sintomático e depende do acompanhamento multidisciplinar com médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais entre outros. Alguns casos extremos de agitação, psicose ou apatia podem precisar de suporte mais avançado, em regime domiciliar ou até mesmo hospitalar.

Formado pela Faculdade de Medicina da USP, Dr. Cesar Cimonari é médico com especialização em neurocirurgia, também pela USP. Fez estágios internacionais em neuro-oncologia na University of Califórnia UCSF – Estados Unidos, e neurocirugia geral com enfoque em neuro-oncologia no BIDMC – Hospital da Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Possui título de Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e atualmente atua também como professor de Medicina na Universidade Nove de Julho.

*Por Jairo Rodrigues